Trabalho elaborado pela aluna Juliane Camilly Lasnou Costa, da turma 2.13. Parabéns!
OS RESQUÍCIOS DO CICLO DO OURO EM BARBACENA E REGIÃO
INTRODUÇÃO
A palavra ciclo para alguns historiadores pode significar algo que tem início, meio e fim e com o ciclo aurífero não é diferente. Na história teve sim a descoberta do ouro, seu apogeu e ao final o seu declínio, por ser uma fonte de riqueza não renovável. O que não podemos dizer sobre o açúcar e outros recursos que não dependem da formação na natureza, e sim de uma reposição humana. Nesta enciclopédia de pesquisas realizadas, será possível destacar os acontecimentos que levaram a criação de Barbacena e região em decorrência do chamado ciclo do ouro.
Primordialmente, lhes serão apresentados os fatos que antecederam desde a ocupação do território brasileiro e que desencadearam a migração portuguesa para o interior da colônia brasileira. Fatos estes que revolucionaram o modo de vida da população litorânea (bandeirantes, tropeiros, emboabas) da antiga capitania de São Vicente. Também neste capítulo, serão citados acontecimentos históricos importantes para a compreensão do conjunto de informações, que serão citadas posteriormente. Já no segundo capítulo será retratado como se deu a descoberta do ouro no estado de Minas Gerais, que carrega esse nome justamente por possuir a maior parte da atividade mineradora do século XVIII aos dias atuais. Do mesmo modo sucederá a criação de uma população mais interiorizada e extrativista, que buscava uma solução para a crise que enfrentava mais ao litoral.
Ademais, será exposto a importância de Barbacena e de municípios vizinhos para a chegada de desbravadores do caminho mais curto até as minas, caminhos que deram origem a criação de certos povoados. Nesta unidade também conta com a apresentação mais superficial de algumas construções protegidas, como fazendas, igrejas e casarões importantes e que efetivam a memória da história da cidade.
CAPÍTULO 1- O INÍCIO DE UMA INTERIORIZAÇÃO PORTUGUESA
Em meados do século XV, Portugal junto a Espanha, eram considerados metrópoles por ocuparem o status de potência mundiais que colonizaram grande parte do planeta. Nessa época, Portugal era conhecido por suas grandes feitorias nos litorais de suas colônias. Feitorias essas que facilitavam grandes trocas comerciais, o que gerava a maior parte dos lucros obtidos por comerciantes navegadores. As descobertas atingidas pela navegação, a sua localização geográfica, a situação de paz interna e o pioneirismo possibilitou grandes avanços para a coroa portuguesa, entre eles a descoberta da América.
O continente americano foi bastante disputado pelas potências econômicas e sociais da época, o que motivou a criação de um documento chamado Tratado de Tordesilhas, que foi um acordo assinado pela coroa de Castela (a leste) e o rei português (a oeste). Consistia na criação de uma linha imaginária que dividia a parte sul da América. De posse da costa das terras que mais tarde iria se chamar Brasil, o reino português se instaurou com a chegada de grandes navegadores. Ao longo dos anos, Portugal encontrou dificuldades para a ocupação das terras que eram de grandes extensões e pouco atrativas. Por sofrerem grandes invasões partindo de países europeus, o rei decidiu dividir essas terras, denominadas Capitanias Hereditárias, capitania que quer dizer posse e hereditariedade que significa sucessão familiar. Considerando duas dessas, as capitanias que merecem maior destaque são a de Pernambuco e São Vicente. Enquanto Pernambuco progredia pela sua grande produção de açúcar nos engenhos de seus latifundiários, São Vicente se encontrava em estado de calamidade por receber manufaturados muitas vezes desgastados e poucos alimentos, que eram decorrentes das longas viagens até a capitania em questão, sem contar também, a falta de utilidade e representatividade econômica considerada pela metrópole.
A população paulista ainda sofria por uma grande falta de abastecimento e produzia com o pouco que possuía, o clima muitas das vezes não favorecia tanto. Portanto, a única alternativa que encontraram, eram organizarem expedições partindo do litoral ao interior, em busca de meios que o tirassem daquela circunstância, as chamadas bandeiras. Os bandeirantes eram jovens das grandes famílias de São Vicente intitulada posteriormente de São Paulo, que desbravaram as terras brasileiras, explorando a mata com o objetivo de capturarem indígenas e encontrarem metais preciosos, que a oeste se encontravam e mãos espanholas. Quando o rei português soube da descoberta do ouro espanhol custeou entradas e só então no século XVII encontraram ouro em abundância.
CAPÍTULO 2 – A DESCOBERTA
Por volta do século XVII foram encontradas as primeiras jazidas, acredita-se que seja em Minas Gerais, quando na verdade foram no Pico do Jaraguá da capitania do atual estado de São Paulo. Já no início do século XVIII foram encontradas no interior mineiro na região conhecida hoje como Sabará chefiada pela bandeira de Fernão Dias Paes. A ânsia pelo metal precioso só aumentou, foi então por volta de 1698 encontrado na antiga Vila Rica e atual Ouro Preto, o chamado Ouro de Aluvião, este coberto por uma camada de óxido de ferro que se encontravam a margens de rios. Esse ouro era facilmente obtido com pouco trabalho e pequenos instrumentos.
Com o avanço da extração do pó de ouro, tornou-se necessário a aplicação de tributos por parte do rei português que desejava obter lucro de suas terras e controlar todo o ouro extraído, que muito das vezes era contrabandeado. Para isso, o rei ordenou que fossem criadas casas de fundição, para que recolhessem um quinto da riqueza extraída pelos exploradores e selar as barras. Nessa época existia uma grande mobilidade social, isto é, uma facilidade de subirem de classe social, no que tange ao possuir escravos e adquirir bens. No início da extração, provocou-se no interior da colônia um grande alvoroço em decorrência do grande fluxo migratório, da disputa interna e desordem para extrair o metal.
Forasteiros que vieram logo após a novidade se espalhar eram denominados emboabas, eles eram a população que vieram de outras regiões para abastecerem o povoado da região mineira. Naquele instante as pessoas tinham muito ouro e pouca comida o que fez o preço do metal cair. Como os emboabas queriam também o direito da exploração das minas travaram um conflito com os bandeirantes que estava de posse delas, conhecido como Guerra dos Emboabas.
CAPÍTULO 3- EM BARBACENA E REGIÃO
Ainda aproximadamente nos anos 1698, a notícia de que tinham encontrado ainda mais ouro se propagou, o que promoveu marcha de um grande fluxo de pessoas para a região, entre eles Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão Dias. Garcia foi um desbravador que engendrou uma estrada denominada Caminho Velho, que ligava o atual estado do Rio de Janeiro a região das minas. Essa estrada passava entre serras e rios, passando pela Serra da Mantiqueira e cortando o Rio das Mortes - inclusive passava próximo a Fazenda Borda do Campo.
A Fazenda Borda do Campo, localizada no atual município de Antônio Carlos é conhecida por ter abrigado os primeiros povoadores dessa região, Garcia Rodrigues e o Coronel Rodrigues da Fonseca, mas também alguns inconfidentes. No porão ainda consta uma senzala onde ficava os escravos na época colonial. Nessa fazenda, encontra-se uma capela construída pelos escravos, responsável por servir na época todas as outras da localidade. Anteriormente havia uma pequena aldeia de índios puris formada pelos jesuítas, que tinham a missão de evangelizá-los. Com o grande avanço da população e com o objetivo de chegarem as minas, foi necessário a criação de uma igreja que atendesse as necessidades dos outros latifúndios. Foi assim que em 1743 surgiu a Igreja de Nossa Senhora da Piedade que carrega o nome da antiga capela, igreja localizada entre os picos das Minas Gerais, projetada pelo arquiteto José Fernandes Pinto Alpoim. Mais tarde surgiu um lugarejo em sua localidade e que veio se denominar “Arraial da Igreja Nova da Fazenda da Borda do Campo”, ultimamente chamado de Barbacena.
Graças ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) além da estrutura da Fazenda da Borda do Campo consideram-se tombados bem como a capela citada anteriormente, um relógio de sol presente na mesma, o terreno ao seu redor, entre outros elementos do patrimônio. Já a Igreja é tombada a níveis municipais e federais. Tais monumentos são de suma importância para a compreensão da História desde Brasil Colônia ao Brasil República.
CONCLUSÃO
Em tese, é possível perceber atualmente o quanto a História bem como as Ciências Sociais têm assumido um papel de insignificância por parte do povo. Ao questionarem-se algumas pessoas comuns sobre algo relacionado a história de sua cidade é unânime a falta de conhecimento que as mesmas possuem sobre o lugar que vivem. Em virtude dos fatos mencionados, pode-se dizer que a história de Barbacena é muito interessante, já que surgiu através da expansão dos litorâneos em busca da mineração aqui no interior. A cidade ainda mantém grande parte do acervo histórico da época em seu Museu Municipal, com resquícios que reverenciam alguns acontecimentos do período colonial. Pode-se concluir, portanto, que a manutenção destes patrimônios é muito importante para manter-se acesa a “chama da cultura” na cidade, pois por uma breve citação do físico alemão Albert Einstein: “Sem cultura moral não haverá nenhuma saída para os homens.”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
História / José Geraldo Vinci de Morais; ilustrações Gilberto Marchi, Raqsonu. – Curitiba: Positivo, 2013 v.1 /2. Ensino Médio.
História 3 / Ricardo, Adhemar, Flávio. – Belo Horizonte, MG: Ed. Lê, 1993/ v.3.
História sociedade & cidadania, 2° ano/ Alfredo Boulos Júnior. 2. Ed. – São Paulo: FTD, 2016.
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