Christian de Souza Brito
Essencial! Essa é a palavra que melhor define a importância da ética, no que tange a formação de uma sociedade justa e igualitária. No entanto, hodiernamente, no Brasil, embora a ética seja célebre em sua teoria, é de fato, pouco praticada, na medida, que o país se vê imerso num mar de competitividade, onde, a lei do mais influente ou esperto, por vezes, atropela os valores da ética, solidificando um contexto social dotado de conflitos bélicos e ideológicos.
Convém ressaltar, que a pós-modernidade se vê movida por visões egocêntricas, onde cidadãos não se comovem com problemas alheios, tendo em conta, a imensidão segregacionista que assola as relações sociais contemporâneas. Nessa perspectiva, consoante ao pensamento Determinista, de Taine, no qual o homem é fruto do meio, é notório que o contexto familiar emerge função primordial em relação ao desenvolvimento de ideologias positivas nas crianças e adolescentes, tendo em vista que os mesmos se encontram em situação peculiar de desenvolvimento e requerem cuidados para além do âmbito institucional. Nesse viés, é preciso um acompanhamento genuinamente atencioso pelos pais no processo de amadurecimento dos imaturos, auxiliados por dogmas hereditários positivos que, de fato, possibilitaram um melhor enraizamento de conceitos éticos nesse processo evolutivo. Diante disso, é mister pontuar que o campo de possibilidade de dogma familiar é amplo, na medida em que vão desde patrimônios deixados e suas respectivas histórias, até a colocação de exemplos impactantes de alguma atitude perversa praticada por algum integrante de uma certa teia familiar e suas consequência, assim, validando o que Nietzsche diz em seu Pragmatismo.
Baseando-se no exposto , meus familiares, amparam-se na história por trás do sítio deixado por meu avô, no que diz respeito ao enraizamento de valores éticos em seus filhos. História, a qual se remete ao contexto da Ditadura Militar, a qual é caracterizada pela violência, criminalidade generalizada, desigualdade, dentre outras questões igualmente catastróficas. Embora, naquele contexto, tenha sido praticamente impossível alguém da classe baixa adquirir algum bem material sem se corromper, meu avô, não se deixou levar pelas tentações presentes naquela ótica repugnante, conquistando, com muito esforço, honestidade e competência, não só bens como o sítio, mas também respeito no âmbito social, o que, de fato, caracterizou um novo quadro a nossa família que além de ser respeitada, passou a ter uma poderosa doutrina intrínseca, a qual se estende até os dias atuais.
Fotografias:
Daniela Cristina Madeira Moreira
O nostálgico passado
O bem histórico de grande importância para minha família, é uma casa construída por volta 1961, pelo meu avô, que hoje se encontra com 75 anos de idade, ainda residente da mesma. Amora, antes habitada por nove integrantes,encontra-se igual. Exceto pela tinta que ganhara a pouco tempo, ainda permanece o mesmo chão de madeira, teto de tela e móveis simples.
Uma vida marcada pela simplicidade. Contudo, apesar dos calos das mãos e da incerteza do alimento, eles se consideravam ricos, valorizavam a escola porque iam todos os dias em caminhada até a mesma, nunca reclamavam, mesmo que preciso dividir o chinelo, a camisa e o pão. Quando não estavam trabalhando no cuidado com os animais ou colheita, brincavam, de peão, peteca ou boneca feita de pano.
Os filhos cresceram e construíram sua própria casa e tiveram sua prole, usando sempre dos mesmos costumes de seus pais para o exercício da criação. Entretanto, continuamos a visitar o antigo e aconchegante aposento de antes, que hoje abriga apenas meus avós. Atualmente não é mais a morada dos seis filhos, e sim o ponto de encontro dos familiares. Atualmente, eu juntamente de meus primos, desfrutamos de momentos semelhantes aos de nossos pais, brincando no mesmo terreiro, comendo os mesmos deliciosos doces de nossa querida avó, sentando no mesmo banquinho construído pela própria família, e usado para se assentar enquanto se aconchegava no calor do fogo feito no chão da cozinha e escutando as mesmas histórias, agora, vivenciadas pelos pais e tios, e contadas de forma saudosa e com intenso sentimento.
Com inúmeros momentos vivenciados por mim, hoje sei a valorizas as pequenas coisas que são a verdadeira fonte de felicidade. Não almejo riqueza, porque dela não necessito para ter júbilo. Sei brincar de peão, peteca e amarelinha, e tenho conhecimento de que para me divertir não é necessário o uso de celulares. Não sou vítima do capitalismo e da consequente correria do dia-a-dia. Sei fabricar os brinquedos que usara antigamente. Tenho conhecimento de recursos que aliviam dores, sem que preciso seja o uso de muitas das medicações. Sou conhecedora de acontecimentos históricos, recorrentes da época. E principalmente, tenho as melhores lembranças e histórias para contar.
O que move o ser humano é tudo aquilo que ele presenciou, afetando diretamente seu presente e o seu futuro. Triste de quem não conserva nenhum vestígio da infância. ""Eu carrego comigo uma caixa mágica onde eu guardo meus tesouros mais bonitos. Tudo aquilo que eu aprendi com a vida, tudo o que eu ganhei com o tempo e que vento nenhum leva. () O pouco é muito pra mim. O simples é tudo que cabe nos meus dias. Eu vivo de muitas saudades. E quem se arrebenta de tanto existir, vive pra esbanjar sorrisos e flashes de eternidade."", Caio Fernando Abreu.
Fotografias:
Laís Felipe de Moraes
Aristóteles caminhou despretensiosamente por Atenas centenas de vezes. É ele o dono da ideia fadada ao esquecimento de que somos seres sociais, políticos, diferentemente do conceito deturpado de política dos dias de hoje. Aguardando a deixa perfeita para seu discurso recheado, sim, de pretensões, definira tal valor como intrínseco em todos os seres humanos.
Em 2016 fui convidada a me candidatar ao cargo de vereadora jovem. Houveram eleições pela escola e ganhei o primeiro lugar, sendo acompanhada por mais duas pessoas. Nós ganhamos cadeiras na Câmara Municipal de São João del-Rei e nos reuníamos todas as sextas com o propósito de criar preposições de lei para a cidade.
Sentados como adultos, nós, treze adolescentes de diferentes escolas e realidades, desenvolvemos atas, propostas de lei e discussões vitais para nosso crescimento. Elegemos presidente, vice e secretário, tivemos cerimônias de iniciação e encerramento, aparecemos na TV e sentimos na pele o que nossa presença e intervenção poderiam alcançar se fossem constantes.
A iniciativa não só me fez ver a complexidade de se formular uma lei, mas também a falta de maleabilidade de um país emaranhado em burocracia. Diante da infeliz crise vivenciada pelo Brasil, a falta de compromisso e empenho das personalidades elegidas na cidade é denunciada quando propostas beirando a inutilidade tomam o espaço de iniciativas realmente transformadoras.
Em um país onde não se estimula a produção, o investimento e a autonomia, a política vira crime. O jogo e a corrida presidencial não envolvem o eleitor, apático, indisposto a se tornar um criminoso. Porém, garanto que a experiência inesquecível que adquiri ao ceder curtas horas do meu dia me sentando e encarando a realidade não me tornaram passível de prisão, e sim de extrema liberdade - sentimento que todos os cidadãos deveriam usufruir.
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Lohany Cristina Lopes de Souza
Eu escolhi a casa da minha avó materna que já faleceu, mas, que deixou sua casa para a família e que é um bem importante para mim.
Então, a casa da minha família fica em Vitorinos(MG). A casa tem um grande valor simbólico, pois mostra que diante de todas as dificuldades que minha avó passou ela nunca desistiu. A nossa casa é perto do bréjo e foi construída com muita dificuldade. Minha avó era mãe solteira, pobre, alcoólatra, tinha 4 filhos e além de tudo uma guerreira.
Minha mãe me conta que elas passavam tanta necessidade que tinha dias que elas não tinham o que comer. Mas, que mesmo assim minha avó e seus filhos trabalhavam duro para construir pelo menos essa casa.
Portanto, a casa é importante porque hoje em dia temos tudo o que queremos é geralmente nunca estamos satisfeitos, e logo desistimos de algo que está difícil de conquistar. Essa casa para mim é a prova de que nunca devemos desistir daquilo que desejamos ter. É isso que me faz ser mais forte cada dia.
Fotografias:
Janaína Cristina Neves
Escolhi relatar no trabalho a casa em que vivi meus 17 anos, começando por falar um pouco da história da mesma e concluindo com valores pessoais que contribuíram para minha formação.
Nossa casa fica localizada na rua Santa Rosa de Lima, no bairro Santa Luzia, e foi construída em um terreno inutilizado pertencente ao antigo Hospital Colônia de Barbacena (atual FHEMIG), no ano de 1990 através de uma ocupação organizada por um grupo de sem terras da região, que ficou concentrado em um acampamento no local até que fosse deferido pela Prefeitura Municipal o ""Ok"" para a demarcação dos lotes a serem doados.
A partir daí meus avós maternos deixaram a antiga casa e vieram morar no acampamento para iniciar a construção. Segundo minha avó, nosso lote era um ""depósito"" de todo tipo de material que fora utilizado no hospital (seringas, tubos, agulhas, sedativos e cartelas de remédios vencidos). Após a limpeza do terreno, meus avós começaram a construir.
Onze anos depois eu nasci e minha mãe e meus avós maternos me criaram. Cresci correndo na rua de terra, que algum tempo depois foi calçada e em seguida foram substituídos os postes de madeira pelos de concreto, e depois de mais algum tempo a rua e o bairro estavam repletos de moradores.
Eu escolhi esta casa pois foi onde eu cresci e onde eu adquiri toda a minha formação, onde eu vi as mudanças acontecerem, os progressos, os incidentes, a luta dos meus avós para exigirem manutenção elétrica, coleta e saneamento, abastecimento de água, onde eu fiz minhas primeiras amizades e onde eu passei meus perrengues, foi onde comemorei junto a minha família, de onde eu saio de manhã e para onde volto todas as noites.
Também é onde vejo toda minha geração até agora, os que se foram, os que estão presentes e os que estão por vir. É onde eu vejo que casa de ""vó"" é como coração de mãe: sempre cabe mais um.
Finalizo dizendo que está casa me traz um histórico de inspiração e admiração pela garra, pela força e pela humildade dos meus avós. Só tenho a agradecer por viver aqui.
Seguem em anexo fotos que comprovam os fatos relatados e apresentam grande valor para a família.
Fotografias:
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